Conheça o poema “Os Acréscimos” de Irineu Berestinas, o qual irá compor seu novo livro
OS ACRÉSCIMOS …
Neste meu relato, que eu não
seja falto de compreensão!
E nem me envolva em regalos
articulados em descompasso
com o que passou.
Já fui muitos.
Tantos, que perdi a conta.
Uma lista enorme.
Em nenhum deles me fixei.
Roupagem do tempo.
Um , dois , três…
Cada época traz
a sua fotografia.
E a configuração.
E até a rebeldia diante
de coisas vãs.
Ou, então, o consentimento,
sem passar pelo crivo
da boa razão.
Lembro-me das horas de
menino.
Bons tempos aqueles.
Frágil de maldades e de
melancolia eu era.
E também de juízo…
Cruzei com a adolescência.
Quantos sonhos não mastiguei?
Não houve sobremesa.
Alguns engoli a seco.
Mas nem tudo se perdeu na
idealização.
Depois, veio a idade madura.
O mundo havia emprestado
a sua sabedoria.
Aprendi a desviar de pedregulhos
e a não buscar intimidade
com fissuras que poderiam
transformar-se em abismos.
As amizades movimentaram-se.
Algumas foram incorporadas, outras
afugentaram-se do círculo
hospedeiro.
Fazer o quê?
Seguir a cartilha da resignação.
Este é o conselho, com o qual
me presenteio…
Não faço travessuras com
a experiência.
Reconheço os seus
ensinamentos, tanto quanto
o crente o faz diante dos
textos bíblicos.
Tenho também boas recordações.
Não estou aqui para infringir as
regras da verdade.
Faço a marcha com a
a convicção de não ter
manchado as contas da
dignidade, tão enrolada
na carceragem do presente.
Mas , quando a minha hora
chegar, penso que os
meus ativos terão força
para emudecer as falhas do
passivo, emprestando
serenidade ao descanso
da nova e segura viagem.
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