Descrição
A história se passa na trilha vermelha da Via Alpina — mais de 2 mil quilômetros, entre subidas, descidas e vários perrengues, começando em Trieste e terminando em Mônaco. Quem encabeça a empreitada é Og, o “gordinho norueguês”, munido de quilos de aparelhos fotográficos e uma busca desesperada por um sentido para a vida — que, em sua concepção, pode se mostrar através de uma fotografia. Pode ser uma mancha ou ter o formato de qualquer coisa. Ou de nenhuma.
No meio da jornada, o físico Richard se aproxima de Og e vende a ele a ideia de que, com sua engenhoca capaz de antecipar o resultado no jogo de Roleta, será possível ganhar uma nota no Cassino de Monte-Carlo. Esse é o esqueleto da obra, mas o que se evidencia é a pluralidade de percepções oferecida por personagens diversas, em uma manobra estilística que permite ao escritor curitibano explorar pontos de vista variados.
O resultado é uma polifonia que descamba para a miséria humana. Em meio a esse exercício existencialista há várias reflexões sobre o sentido da vida, a natureza da própria trilha e um sentimento latente de derrota. Até os raros arroubos de otimismo parecem desesperados, e não confortáveis, como se as personagens fossem assombradas por uma severa autoconsciência cínica. A vida, afinal, em uma definição proposta no romance, é como uma pizza de dois sabores — solidão e tédio.
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